domingo, 9 de janeiro de 2011

Entorses do tornozelo

Uma entorse do tornozelo é uma rotura dos ligamentos (o tecido elástico resistente que liga os ossos entre si) no tornozelo.
Qualquer dos ligamentos do tornozelo se pode lesar. As entorses costumam ocorrer quando o tornozelo roda para fora, fazendo com que a planta do pé fique virada para o outro pé (se inverta). Os ligamentos frouxos no tornozelo, os músculos fracos, as lesões dos nervos da perna, certos tipos de calçado (como os sapatos de salto alto e estreito) e certas maneiras de caminhar, tendem a provocar a rotação do pé para fora, aumentando o risco de uma entorse.

Sintomas
A gravidade da entorse depende do grau de estiramento ou de rotura dos ligamentos. Numa entorse ligeira (grau 1), os ligamentos podem estirar-se, mas de facto não se dilaceram. O tornozelo não costuma doer ou inchar em demasia; contudo, uma torção ligeira aumenta o risco de uma lesão recorrente. Numa entorse moderada (grau 2), os ligamentos rompem-se parcialmente. A inflamação e os hematomas são frequentes. Em geral, é dolorosa e torna-se difícil andar. Na entorse grave (grau 3), os ligamentos dilaceram-se completamente, causando inchaço e por vezes hemorragia sob a pele. Por conseguinte, o tornozelo torna-se instável e incapaz de suportar o peso.
 
Entorse grave
A entorse pode ocorrer quando o tornozelo roda para fora (se inverte), rompendo o ligamento da parte externa do tornozelo.

Diagnóstico e tratamento
O exame físico do tornozelo orienta acerca da extensão da lesão do ligamento. Com frequência, faz-se uma radiografia para determinar se o osso está fracturado, mas nela não se avalia a entorse do tornozelo. Só raramente se exigem exames complementares.
O tratamento depende da gravidade da entorse. Em geral, as torções ligeiras tratam-se envolvendo o tornozelo e o pé com uma ligadura elástica, aplicando compressas de gelo na zona, elevando o tornozelo e, à medida que os ligamentos se curam, aumenta-se de forma gradual o número de passos e exercícios. Nas entorses moderadas usa-se habitualmente um apoio para andar, que se conserva durante 3 semanas. Este imobiliza a parte inferior da perna, mas permite andar com o tornozelo lesionado. Nas lesões graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica, mas existe controvérsia sobre este tipo de cirurgia. Segundo alguns cirurgiões, a reconstrução cirúrgica dos ligamentos rasgados e gravemente lesados não é mais eficaz que o tratamento sem cirurgia. É muito importante a fisioterapia para restabelecer o movimento, fortalecer os músculos e melhorar o equilíbrio e tempo de resposta, antes de voltar às actividades intensivas.

Complicações
Por vezes, uma entorse grave ou moderada causa problemas inclusive depois de o ligamento ter sarado. Pode desenvolver-se um pequeno nódulo num dos ligamentos do tornozelo que causa uma fricção constante na articulação, conduzindo à inflamação crónica e, finalmente, a lesões permanentes. A injecção de uma mistura de corticosteróides no tornozelo reduz a inflamação, e a administração de um anestésico local alivia a dor de modo eficaz. Raramente se exige a intervenção cirúrgica.
Numa entorse também se pode lesionar o nervo que percorre um dos ligamentos do tornozelo. A dor e o formigueiro consequentes (nevralgia) aliviam-se, por vezes de modo permanente, com uma injecção de um anestésico local.
As pessoas com entorses do tornozelo costumam andar de um modo que desgasta excessivamente os tendões (tecidos fibrosos e resistentes que ligam os músculos ao osso ou os músculos entre si); o resultado final é a inflamação dos tendões do lado externo do tornozelo. Esta afecção, chamada tenosinovite peroneal, pode causar inchaço crónico e dor na parte externa do tornozelo. O tratamento consiste em usar suportes para o tornozelo, que limitam o movimento da articulação. Também podem ser eficazes as injecções de cortisona dentro da bainha do tendão, embora não se deva abusar do seu uso.
Por vezes, o impacto de uma entorse grave causa espasmos nos vasos sanguíneos do tornozelo que reduzem a circulação sanguínea. Por conseguinte, algumas zonas do osso e de outros tecidos podem ficar afectadas devido à falta de irrigação, pelo que podem começar a deteriorar-se. Esta afecção, denominada distrofia simpática reflexa ou atrofia de Sudeck, pode provocar inchaço e dor no pé, muitas vezes intensa, que pode passar de um ponto a outro do tornozelo e do pé. Apesar da dor, a pessoa pode continuar a andar. A fisioterapia e os analgésicos administrados por via oral podem ser úteis. Pode-se recorrer, em caso de dor crónica e intensa, à injecção de um anestésico local à volta do nervo que estimula o tornozelo (bloqueio do nervo), assim como à administração de corticosteróides e a apoio psicológico.
A síndroma do seio do tarso é a dor persistente na zona entre o osso do calcanhar (calcâneo) e o osso do tornozelo (talus ou astrágalo), em virtude de uma entorse. Pode estar associada à rotura parcial dos ligamentos dentro do pé. As injecções de corticosteróides e os anestésicos locais são muitas vezes úteis.
link: http://www.manualmerck.net/?id=82&cn=796

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